Woman Sculpture , 1948
Hand modeled, painted and glazed ceramic sculpture.
Made in F.V.L., Viúva Lamego Factory, Lisboa
N/signed N/dated
H: 82 cm
PT/ Jorge Nicholson Moore Barradas nasceu em Lisboa a 16 de julho de 1894 e faleceu a 30 de Junho de 1971. Desde cedo dedicou-se à prática do desenho, o mesmo que lhe valeria um lugar entre os principais nomes do modernismo português. Criador de uma obra multifacetada – pintura, caricatura, ilustração e cerâmica – os primeiros anos da sua carreira foram essencialmente marcados pela atividade de ilustrador em revistas e periódicos, seguindo-se o contacto com a pintura e, mais tarde, com a cerâmica, na qual Jorge Barradas desenvolveu uma obra notável ao longo de quarenta anos.
A partir da década de 1940, é o trabalho de ceramista que acompanhará Jorge Barradas até ao fim da sua vida, numa redescoberta e renovação deste suporte, de cujo último grande mestre havia sido Rafael Bordalo Pinheiro. A abordagem de Barradas ao suporte cerâmico demarca-se pela sua versatilidade: escultura de vulto, azulejo, objetos decorativos como jarras, bilhas, potes, e ainda painéis de alto e baixo-relevo que realizam um pleno diálogo com a arquitetura onde se inserem. Todos estes trabalhos são trespassados por uma estética naïf, próxima do trabalho dos oleiros populares, à qual se aliam influências do biscuit rocaille, visíveis na modelação e paleta empregues. O gosto pelo decorativismo, cultivado ao longo do seu percurso como ilustrador, é igualmente notório, aproximando-se, por vezes, de um horror ao vazio barroquizante, enfatizado pela inclusão de elementos como putti, vasos com flores, colunas torsas, cornucópias da abundância, típicas de um universo classizante.
“… A característica mais saliente das suas cerâmicas é a “constante estética” : sobriedade nas formas, tranquilidade nos esmaltes, dignidade nos motivos, compreensão perfeita, afinal, do que é a cerâmica como expressão, trabalhada em volume e não em superfície, domínio sobre uma matéria que, sendo domável, é sempre caprichosa e traiçoeira por vezes. Mas Barradas sabe o que quer, trata-a com amor, não lhe exige contorcionismos ou obesidades, antes lhe valoriza o corpo com massagens de vidro aveludado.”
Excerto do texto de João dos Santos Simões no catálogo da exposição do SNI , Palácio Foz, Dezembro de 1948.
“ Realmente o valor fundamental de Jorge Barradas como ceramista, além de promover o renascimento de uma arte em decadência, foi o de ter ajudado e incentivado a que diversos artistas trabalhassem com esta arte. Graças aos seus ensinamentos a história da Cerâmica Contemporânea em Portugal é tão rica. Nomes como Rogério Amaral, Cecília de Sousa, Maria Manuela Madureira, Manuel Cargaleiro e Querubim Lapa, entre tantos outros, absorveram alguma influência de Barradas e são eles que hoje fazem da Cerâmica Portuguesa uma Arte Maior. “
Excerto do texto de Suraya Burlamaqui, Azulejos de Jorge Barradas no Brasil, revista OCEANOS, nº36/37
* Photography from Mário Novais studio collection, Calouste Gulbenkian Foundation. SNI, Palácio Foz, Dezembro de 1948. In the image from the SNI exhibition in Palácio Foz in 1948 t, the girl sculpture is showed in a central plint of the exhibition.
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