Exhibition, 2015
FRÁGEIS SENTIDOS #4
Miguel Palma / Desenho
PT/
A quarta exposição do ciclo FRÁGEIS SENTIDOS apresenta o trabalho do artista Miguel Palma, com base em dois pratos cobertos “Pato”, pessoalmente escolhidos pelo artista no acervo da galeria Objectismo. Estas peças em cerâmica de produção industrial, produzidas na década de 70 pela fábrica Secla em Caldas da Raínha, recebem durante a inauguração da exposição um “recheio” fruto da intervenção do artista que será partilhado pelo público presente no evento.
Prato coberto “pato”, mod:P.2821, c. 1970-75, Fábrica SECLA
A SECLA (Sociedade de Exportação e Cerâmica Lda.) foi fundada por Joaquim Alberto Pinto Ribeiro (1921-1989) em 1944, nas Caldas da Rainha, sob a designação Fábrica de Cerâmica Mestre Francisco Elias, em homenagem ao importante ceramista local. Vocacionada para o mercado externo, em especial os EUA, leva a cabo a modernização da cerâmica tradicional da região, alargando as exportações, sobretudo à Grã-Bretanha e Escandinávia.
A produção da SECLA foi, no seu início, alicerçada nos procedimentos e técnicas tradicionais da cerâmica das Caldas, recuperando modelos da chamada faiança Palissy, renovando-os de modo a responder a solicitações externas. A fábrica levou a cabo um processo de simplificação das formas, transformando-as em objectos funcionais, de execução rápida e menos dispendiosa. Paralelamente, integrou a colaboração de vários artistas, empenhando-se na modernização dos formatos e dos motivos decorativos.
O prato coberto em forma de pato, modelo P. 2821, é da autoria do exímio modelador Herculano Elias (n.1932), tendo sido produzido, com diferente numeração, em vários tamanhos. Esta peça é um bom exemplo de continuidade e renovação, actualizando formalmente um dos primeiros modelos produzidos pela fábrica, a terrina pato, modelo P. 36, modelada por Júlio Elias (?-?) no final da década de 40. A SECLA laborou com sucesso e crescimento até ao final dos Anos 90, tendo encerrado em 2008. O seu espólio foi adquirido pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, hoje constituindo a Colecção Municipal SECLA.
Rita Gomes Ferrão, 2015
Miguel Palma / CV / Nasceu em 1964 em Lisboa. Expõe desde o final dos 80. O seu percurso artístico, de base escultórica, mas contemplando também desenho e instalação, desenvolve-se próximo à produção industrial do séc. XX.
* Apresentação do ciclo de exposições FRÁGEIS SENTIDOS
A loja Objectismo tem como compromisso a divulgação e comercialização de cerâmica modernista portuguesa de produção industrial e de autor. As peças que se apresentam na loja foram produzidas entre meados dos anos 40 até final dos anos 70 e testemunham o que de mais inovador e revolucionário se produziu em cerâmica no Portugal do pós guerra, tanto do ponto de vista técnico como criativo.
Com os olhos postos num passado industrial e estético ainda recente, a Objectismo é também uma galeria que integra e estimula os eventos culturais e criativos do Portugal contemporâneo.
FRÁGEIS SENTIDOS é um ciclo temático de exposições individuais, para o qual serão convidados artistas plásticos, designers, músicos e arquitectos, unidos pela descoberta de estes delicados objectos em cerâmica que proporcionam um rico e abrangente campo de acção para os criadores.
Para a primeira série deste ciclo/ Arte Contemporânea, que se mostra entre 2014 e 2015, foram convidados seis conceituados artistas plásticos que escolheram na Objectismo peças de produção industrial, executadas nas mais importantes fábricas portuguesas como a Fábrica de Louça de Sacavém, a fábrica Secla, nas Caldas da Raínha, a fábrica Aleluia em Aveiro ou a Fábrica Raúl da Bernarda em Alcobaça, assim como algumas peças únicas, realizadas em estúdio próprio ou nas fábricas em que trabalharam os seus autores.
Utilizando a fotografia como memória-tela (#1-Margarida Dias), numa instalação em que revisita emocionais memórias (#2-Ana Pérez-Quiroga), na escultura de uma história (#3 Rui Matos), na performance irónica sobre o uso/função (#4-Miguel Palma), ou simplesmente motivados pela forma, padrão ou cor em complexas aguarelas (#5-Vanessa Chrystie) , estes objectos fundem-se em obras tão frágeis no seu sentido contemporâneo, tal como a matéria cerâmica que as inspira.