Beatriz Horta Correia

(n.1962, Lisboa)

Clearness of Matter
Ceramics is associated with opacity; a dense matter that once molded into a container can hide its contents. In her projects, Beatriz Horta Correia explores the boundaries between opacity and transparency. The adoption of eastern traditions such as the use of grains of rice reveals in a clear way the transparencies obtained in certain objects.
Through her work, the artist seeks the very limits of the cohesion of materials, inviting us to see the tissue that objects are made of. In some cases, however, the absence of material to shape objects is much more relevant than the remaining substance of what these pieces are made of.
The use of paper or fabrics soaked in porcelain liquid are molded in such a way that their consistency, that is to say the cohesion of its components, seem to be at risk of destruction by the mere breathing of the observer. The lighting of these objects reveals a transparency, unveils a making process that Beatriz Horta Correia is willing to share with us.

PT/

Beatriz Horta Correia vive e trabalha em Lisboa. Estudou Design e Cerâmica no IADE e Desenho no Ar.Co. Desenvolve trabalho artístico na área do desenho, escultura e cerâmica.

Desde 1983 trabalha em projectos de design na área de edição, cartaz, embalagem, ilustração, identidade corporativa, merchandising, produto e exposições principalmente no âmbito de actividades culturais, para Museus, Monumentos e outras instituições.

Prémio Revelação VI Bienal de Arte Vila Nova de Cerveira, 1988; The European Design Annual 5 – Certificate of Excellence, 2000; Prémio Design Briefing Merchandising – Linha de Papelaria Álvaro Siza, Fundação Serralves, 2005; Red Dot Award Communication Design 2012.

 

A LIMPIDEZ DA MATÉRIA

À cerâmica associa-se a ideia de opacidade, matéria densa que quando empregue em recipientes oculta e protege o que contêm. A transparência, o limite da coesão do material, permitindo que a tessitura constituinte dos objectos possa ser observada é o que procura Beatriz Horta Correia. Partindo da construção de delicadas redes cerâmicas, que por vezes se sobrepõem ou surgem depositadas em taças, ao corte cirúrgico das paredes de jarras levado ao limite do (quase) improvável, nestes objectos a ausência acaba por assumir um maior protagonismo que a matéria que neles é deixada. Os efeitos dramáticos de sombras que potenciam permitem (re)criar neles sempre novas identidades, numa capacidade de reinvenção pouco usual. O emprego de papel ou tecidos mergulhados em calda de porcelana e trabalhados de modo a criar uma coesão cuja destruição parece ocorrer só pela respiração do observador, através do uso de luz directa garantem uma transparência que permite recriar os passos da sua criação. Nestes objectos é possível encontrar uma certa citação oriental nas técnicas empregues, mas em nenhuma é mais evidente como no emprego de bagos de arroz para criar texturas de ainda maior transparência, em paredes já quase levadas ao limite.

In catálogo da exposição O Poder do Fazer, Alexandre Pais

 

Exposições (selecção)

O Poder do Fazer, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa, 2013;

Prometheu fecit: terra, água, mão e fogo, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, 2014;

Das coisas nascem coisas, Salão Belas Artes, Lisboa 2017;

Window Project, Galeria Reverso, Lisboa, 2019;

Studiolo XXI, Fundação Eugénio de Almeida, Évora, 2019;

Musas em Ação, Reitoria da Universidade do Porto, 2019;

About Nature, Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe, 2021;

Bright as Silver, White as Snow, Museu do Oriente, Lisboa, 2021.

Escultura, objectos e cerâmica. Women Artists, São Roque, Antiguidades & Galeria

de Arte, Lisboa, 2021.