Helena Brízido

(n.1954, Moçambique)

In my sculptures, I try to emphasize the difficult balance between form and color, playing with compositions, textures and colours that the reduction fire and high temperature transform and glaze like an envelope that embraces the form. The marked verticality of my pieces and the simplicity of the form with matte and earthy colours are inspired in the surround nature and daily life of my childhood memories.

PT/

Trabalhar objectos de arte com argila torna-se revolucionário e transgressor. A minha mão enquanto ceramista, procura ainda hoje encontrar um lugar nesta dualidade entre Arte (reconhecida) e o artesanato (desprezado).

Nas minhas esculturas, procuro realçar o difícil equilíbrio entre a forma e a cor, brincando com composições, texturas, cores onde a queima redutora e a alta temperatura transformam a pasta e os vidrados num invólucro que abraça a forma. A demarcada verticalidade das minhas peças e a simplicidade da forma com as cores da terra, sem brilho, que são memórias da natureza e cotidiano da minha infância. O meu envolvente é a minha inspiração, as cores terreas das falésias, a madeira envelhecida, o ferro oxidado, as rochas que sofreram erosão, patines depositadas nas superfícies que tento reproduzir nas minhas peças. Tudo marcas do tempo.  É com ajuda do fogo, em múltiplas queimas, que determino e finalizo as obras, dando-lhes uma consistência e aparência que por vezes nos confunde sobre a origem da matéria de que são feitas.

É com esta alquimia que tento reproduzir numa linguagem contemporânea esse mistério sobre a arte da terra e do fogo que é a cerâmica.

Convenço-me que encontrei na argila uma ligação cósmica onde eu e o universo fazemos parte da mesma vida.