Jorge Vieira
(1922-1998)
PT/
Pertence à terceira geração de artistas modernistas portugueses, onde ocupa um lugar de destaque. É considerado por José Augusto França como o mais importante escultor português da década de 1950.
“Jorge Vieira ensina-nos o prazer em construir uma forma com as mãos., … A sua forma é um dos momentos mais rigorosos em toda a escultura portuguesa do século XX., … A sua escultura conjuga a extrema alegria e vitalidade com a austera serenidade das obras clássicas. O aparente anacronismo formal espelha a sua intensa individualidade.”
Catálogo Jorge Vieira, Museu do Chiado.1995, Rui Chafes, Lisbia, Dez.1944
Jorge Vieira frequenta a Escola de Belas-Artes de Lisboa entre 1944 e 1953, onde se forma em Escultura. Em 1954 é admitido na Slade School of Fine Arts, a mais importante escolar de arte em Londres, onde pontificavam Reg Butler e, de vez em quando Henry Moore. Estes dois artistas vão influenciar a obra do artista a partir desta data.. Em alguns trabalhos dessa época o escultor retoma temas animalistas e humanos abordados anteriormente, “seguindo um formulário de simplificação da figura“. Noutros casos a referência antropomórfica dissolve-se em estruturas verticais, numa articulação dinâmica de linhas e planos.
A sua primeira exposição individual realiza-se em 1949, na SNBA. Em 1953, participa num concurso internacional de escultura patrocinado pelo Institut of Contemporary Arts, de Londres, com o projecto para o monumento O prisioneiro político desconhecido, que viria a ser seleccionado, exposto na Tate Gallery e premiado. Essa obra, de protesto contra o Estado Novo, apenas viria a ser erigida em 1994, na cidade de Beja. Vieira conceberá outras intervenções para o espaço público, entre as quais: o grupo de baixos-relevos para o Bloco das Águas Livres (1956); uma peça em aço para o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1972); o Monumento ao mineiro, em Aljustrel (1986–1988); ou as Joaninhas colocadas em frente aos paços do concelho de Lisboa (1998). Em 1958 participa na Feira Internacional de Bruxelas, sendo o único escultor português seleccionado para figurar na exposição 50 ans d’art modern.
Nas décadas de 1960 e 1970 alguns dos seus trabalhos orientam-se para uma conceção de teor construtivo onde se acentua um sentido dinâmico, presente em anteriores obras em barro. Mais tarde irá recuperar a figura humana, de novo numa dimensão onírica e surreal, criando combinações insólitas, em várias peças, onde os corpos se desmultiplicam, sobrepõem, desmembram ou mutilam.
Em 1961, obtém o 1.º prémio de Escultura da 2.ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1964 não é aprovado como docente de Escultura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, devido às suas posições políticas. Será admitido na Escola de Belas-Artes do Porto em 1976, transitando em 1981 para a Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde se jubilará em 1992.
Em 1982 adquire uma casa numa povoação nos arredores de Estremoz. A ligação com o Alentejo levará o município de Beja a inaugurar em Maio de 1995 a Casa das Artes Jorge Vieira, museu monográfico que acolhe grande parte do seu espólio. O período final da carreira do escultor é marcado pela inauguração de uma importante retrospectiva no Museu do Chiado (1995) e pela encomenda feita para a Expo’98, que lhe proporcionou uma maior visibilidade pública (Homem-sol, 1998).