Opening: 21 March - 24 April, 2025

O Atelier no Espaço Sideral (The Studio in the Outer Space )

Manuela Madureira (1930-2022)

ENG/

From the 1960s until her latest works in 2019, Manuela Madureira has developed a body of work of great plastic quality with a kaleidoscopic imagination, to which she has associated different techniques, exploring the animal and plant kingdom, and with special tendency, the cosmos and fiction in a singular universe that is made clear by the titles she gives her works.

In her series of medals made between 2005 and 2019, the artist reveals her hope for a better future for humanity, a future populated by small sculptures she calls Pegasi, stars, rings of fire and others.

The exhibition, The Studio in the Outer Space, the title of a 2007 medal, takes us on a journey to a place in which we imagine Madureira, somewhere in another dimension, in the midst of a creative act, enjoying a unique and transformative oneiric experience, perhaps conceiving the set of works we are now presenting.

Dated mostly between 1998 and 2011, most of these sculptures seem to grow out of themselves, adopting a thousand forms and techniques, like fiction. Strange, unsettling at times, as if they were or had become uncomfortable, unexpected habitants, beings moulded in rough earthenware, without polish, implanted in the wind by iron needles, cast in bronze, drawn and twice only, embroidered and woven. They all seem to have mouths, eyes or something that reminds them, tears, holes, circles: for the shout that is so often missed and contends with the safe, ordered and calm landscape of the world.

Following on from the exhibition held here in 2023, we now know a little more about the work of Manuela Madureira, a sculptor whose life was dedicated to a work remarkable for its modernity, intelligence and sensitivity, an undisputed milestone in the history of contemporary Portuguese sculpture and ceramics.

 

PT/

Desde a década de 60 até às suas últimas obras de 2019, Manuela Madureira desenvolveu um trabalho de grande qualidade plástica com uma imaginação caleidoscópica no campo da cerâmica, escultura, pintura, desenho e tapeçaria a que associou diferentes técnicas, explorando o reino animal e vegetal, e com especial recorrência, o cosmos e a ficção num universo singular que se esclarece com os títulos que atribui às suas obras.

Na sua série de medalhas realizadas entre 2005 e 2019 a artista revela a sua esperança num futuro melhor para a Humanidade, futuro esse povoado de pequenas esculturas a que chama de Pégasos, estrelas, anéis de fogo entre outras.

A exposição, O Atelier no Espaço Sideral, título de uma medalha de 2007, remete-nos para o lugar em que imaginamos Madureira, algures numa outra dimensão, em pleno ato criativo, usufruindo de uma experiência onírica, única e transformadora, quem sabe, concebendo o conjunto de obras que agora apresentamos.

Datadas maioritariamente entre 1998 e 2011, a maioria destas esculturas parecem crescer a partir de si próprias, adotando mil formas e técnicas, como ficção. Estranhas, inquietantes por vezes, como se fossem ou se tornassem habitantes incómodos, inesperados, seres moldados em faiança rude, sem lustros, implantados no vento por agulhas de ferro, fundidos em bronze, desenhados e por duas vezes apenas, bordados e tecidos. Todas aparentam ter bocas, olhos ou algo que os recorda, rasgos, buracos, círculos: para o grito que tanta vez faz falta e contende com a paisagem segura, ordenada e calma do mundo.

No seguimento da exposição aqui realizada em 2023 conhecemos agora um pouco mais da obra de Manuela Madureira, uma escultora cuja vida foi dedicada a uma obra notável pela sua modernidade, inteligência e sensibilidade, um marco indiscutível para a história da escultura e cerâmica contemporânea portuguesa.

Nuno Cardoso, 2025